segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Retrato II

Levava uma vida sem grandes variações ou vaidades. Acordava todos os dias às 5:50 da manhã, tomava um copo d'água, trocava-se e ia correr na orla da praia por vinte e três minutos. Voltava, bebia um copo d'água, molhava as plantas e tomava seu café, ou seja, leite com pão de sal e manteiga. Nunca gostou de café, lhe dava dor de estômago. Depois caminhava trinta e três minutos até a estação de metrô, esperava dois minutos e meio e tomava o metrô até a quinta parada, a partir da qual caminhava três quadras até o ponto de ônibus, esperava geralmente vinte e nove minutos e sempre se sentava no lado direito quando havia lugar, ou seja, raramente. O senhor de barba ruiva carregava sua pesada bolsa de trabalho e sempre descia dois pontos antes, então ela sentava-se no lugar dele até a rua das flores, onde ela descia. A rua das flores não tem jardins nem árvores, ali há diversos galpões de fábricas. Ela trabalha como telefonista em uma fábrica de colchões.

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