sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Retrato VI

29/04.00:08
Mairo não estava cansada de andar quando foi trazida para casa. Seus sapatos brancos, lustrados, pareciam um misto de terra e cera em contraste com o vestido que usava - cor de rosa e impecável - ao sair de casa. Quando chegou em casa, não pensava na bronca que levaria pela terra nos sapatos novos, mas sorria . Pensava na sua nova descoberta: o pássaro gosta de comer grãos de bolo.

Sorria. O olhar daquela mulher grande parececia uma pintura no meio da paisagem decorada à luz de um dedo detalhista. [Puxa, que lindo!] pensava a menina, [que lindo!].

No dia seguinte, de tanto correr, rasgou o vestido. Chegando em casa, silêncio. Dois olhos enormes. Dessa vez Mairo não tinha descoberto nada. Era dia de chuva e os pássaros não apareceram. Sem descobertas, descobriu aquele olhar. Sentiu uma dor imensa e nunca mais amarrotou o vestido ou sujou os sapatos de sair.

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