quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Retratos V

24/04.23:30

Romeo saiu de casa sem se despedir da mãe ou dos irmãos. Sentia-se quase tremer. Ansiedade. Demoraria ainda para chegar, sabia que teria muito a esperar: o trem, o ônibus e a caminhada.

Olhava para as pessoas que cruzavam seu caminho com descaso e ódio. Ninguém curaria sua dor, nenhuma palavra, nem mesmo da moça bonita da padaria onde ele sempre comprava o pão. Naquele dia ninguém sorriu para ele. Tivessem sorrido, menor seria sua dor? Ou ódio.

Demorou ao todo uma hora e quarenta minutos para chegar até a faculdade. Foi a uma hora e os quarenta minutos mais demorados de toda sua vida, curta. O tempo parecia parado.

Chegou um pouco cansado. Inquieto, não tentou disfarçar o peso de sua mochila, vazia de literatura e cheia de violência. Na impossibilidade de curar-se, matou-se, levando consigo outros trinta e dois. Dentre eles, Anne, das aulas de filologia. Apaixonada por Romeo, nunca ousou mirá-lo ou sorrir. Nunca o fará.

e foi assim .
assim

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