sexta-feira, 5 de junho de 2009

Aída III

Ela não saíra do quarto desde que ele começara a preparar a mala. E dizia que assim a mala não fecharia, esse modo de dobrar as blusas não era a melhor forma de arrumar uma mala, melhor rolinhos com gominhas, assim caberia mais e sobraria mais espaço, e essas meias, não dá para deixar assim, todas soltas, e ia à área buscar um saquinho, em menos de dois minutos voltava. Ao fim ele fechou a mala sem dificuldade. Quando ele foi ao banheiro ela sentiu uma vontade imensa de chutar a parede, a mala, a cama e quebrar o abajour. Mas nada fez. Apenas desmontou o quebra-cabeça que eles demoraram algumas semanas para montar. Ele voltaria do banheiro e se perguntaria porquê, mas não diria a ela, com medo de que um ímpeto de fúria a atacasse. Achou melhor abraçá-la, a resposta dela foi empurrá-lo, como quisera fazer com a mala, a cama e... O empurrou e foi ao banheiro. Levou uma revista de viagens consigo, com bonitas fotos. A revista continuou fechada enquanto ela chorava lá dentro.

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